quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Descomplicado

Abra os braços
Me deixa encostar em você
Que eu me abro toda
Para o receber

Fecha os olhos
Deixa os corpos se entenderem
Um homem, uma mulher
Instintos a se renderem

Você tem sua bagagem
Eu tenho a minha
Você pensa muito
E eu falo ainda mais

Pode ser quase nada
Pode vir a ser profundo
Mas este encontro, agora
É o primeiro do mundo...

(Nem tente prever)

Feliz 2016

O concreto é: nada será diferente do dia 31/12/2015 para o dia 01/01/2016. É só a passagem de um dia para outro. Os problemas continuarão lá, as alegrias, também. Você continuará na mesma situação econômica, amorosa, de saúde, e tudo o mais. Talvez, ao longo de 366 dias, mude. Mas também poderia haver mudança entre 13/04/2015 e 12/04/2016, e não se celebrou, porque não faria sentido.
Mas é essencial ao ser humano fugir do concreto. Atribuir poderes mágicos a essa mudança no calendário. Consultar horóscopo, búzios, acreditar em promessas dos astros, somar números para forçar um resultado que seja melhor do que o que se tem, agora.
E quem sou eu para criticar quem foge do concreto? Adoro anestesiar e suturar feridas, prescrever antibióticos e pontes de safena. Mas quando me pego presa no trânsito, o passarinho no fio elétrico me lembra um rosto lindo de homem, dois cachorros e um sorriso que só conheço virtualmente. E eu sorrio, apesar de saber que vou chegar atrasada a um compromisso. Concreta, eu? Só uns 50%, graças a Deus. Senão eu estaria numa camisa de força, concretamente costurada.
Então, feliz 2016 aos meus amigos que tentam administrar o concreto e o fantasioso da melhor maneira possível. Pulem ondinhas, comam lentilhas, vistam calcinha/cueca amarela, tragam em símbolos tudo o que os olhos não vêem, mas no coração acreditam. Tudo é válido, desde que não prejudique a ninguém, e traga brilho para o que é cinza. Beijos!

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Falha

Desculpa, amor
Não sei seduzir
Não sei trazer pra perto
Quem não quer vir

Sei aumentar um desejo
E não deixar faltar
Mas em carvão sem brasa
Não adianta soprar

(Perco nem meu tempo).

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Acelerada

Sigo amando a vida
Porque pessoas me divertem
Dançam comigo
E me dão tesão

Sigo vivendo
Porque me encantam
E decepcionam
Nada é por acaso
Nada nunca em vão

Sigo experimentando
Nem que seja pela viagem
De tomar o placebo
Que é toda paixão

domingo, 27 de dezembro de 2015

Transformação

O amor vira música
Vira poesia
Vira sonho
Vira de bruços

O amor vira beijo de bom-dia
Vira tédio
Vira visita pra sogra
Vira saudade

O amor vira espera em pronto-socorro
Vira consulta antes de decisões
Vira "detalhes tão pequenos de nós dois"
E se vira para continuar existindo

Mas o amor também vira partícula
Poeira sub-atômica
Ou um quase nada

Na história de quem não cuidou
Na memória de quem não viveu
Na culpa de quem não mereceu

Poema para um Poeta

E era um duende
Me ciceroneando
Por sobre as árvores
Verdejantes
Voávamos
E éramos amantes

E chegou o meu grande amor
(Um que sabia voar)
Lembrou ao duende que ele não
Tinha as asas certas
E este se esborrachou no chão

E então eu peço desculpas
Ao meu amigo poeta
Que tentou
Me fazer olhar
Para outro tipo de fantasia

A que não existe em mim
Porque eu sou só amor
Amor, amor, amor
Amor sem fim!

sábado, 26 de dezembro de 2015

A Voz

E quando tudo que espero
É um por-do-sol tranquilo
Me acontece
Simplesmente
Você

E quando acho que a química
Já sofreu todas as reações
Me aparece
Totalmente
Você

Sol de ventania
Mar de alegria
Porto seguro
Pro meu coração

Flor de nostalgia
Lábios de magia
Lua de mel maduro
Amor de fim de estação


Sobre amores que ficam no caminho

Ela tinha uma vaga ideia de quem queria ser quando crescesse, e nenhuma dúvida do homem que ele se tornaria - ele não a decepcionou.
Queria amar a si mesma do jeito que ele fazia, enxergar-se através dos olhos dele, descobrir de onde vinha aquela ideia tão certa de merecimento. Aquele encanto de quem vê um arco-íris saindo de um prisma pela primeira vez. Toda vez. No primeiro beijo, no pedido de namoro, quando ela desmanchou, quando ela pedia a bicicleta emprestada para se encontrar com outro, e ele fingia que não sabia.
As décadas fluíram, os caminhos se divergiram. Ela seguiu o seu, cidadã do mundo, ele o dele, senhor da retidão. Na convergência, reconhecem-se como almas oriundas da mesma centelha, e os olhos dele ficam vidrados como sempre, e ela com a mesma curiosidade - de onde tamanha capacidade?
Ela o beijaria na boca, hoje em dia. Não fosse a existência da outra.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Relógio

E em tudo que vivi
Nem tanto
Nem tudo me chegou
A contento
O que me falta no mundo
Invento
Se não durar, não precisa
É passatempo

E para quem quer o meu sofrer
Desacato
O mal é sempre o elo
Mais fraco
Para bons ouvintes
Relato
Sem seguir um pensamento
Exato

O corte da navalha
Tão rente
A gente encara todo dia
Carente
E acomoda ainda amor
Por mais gente
Que essa vida se vive
Em frente

Desistência

Cada coração
Um labirinto
Cada ação
Um motivo diferente

Nem toda resposta
Foi pedida
Nem toda explicação
Faz sentido

E o vazio
De dentro do peito
Enche-se de ar
De sol e altura

E quando eu bater asas
Para longe:
"Qual foi mesmo
A pergunta?"

Balanço

Se pudéssemos enumerar um a um o que é bom, as sensações únicas que já tivemos pela vida, e revivê-las uma atrás da outra, qual seria o resultado?
Mergulhar os pés num riacho límpido num dia de calor.
Abrir a porta para alguém muito esperado, abraçar e os olhos se encherem de lágrimas, chorar de alegria pela primeira vez.
Alcançar um sonho que demorou anos para se concretizar, sem ter muita certeza do que está por vir, mas feliz por ter chegado lá.
Receber uma notícia boa, rir de alegria, imaginar como o outro deve estar feliz.
Ver o berçário de uma maternidade: todos aqueles serezinhos miúdos, tantas possibilidades de vidas a se desenrolarem, tanto amor despertado em corações de mães.
Brincar com animais pequenos, sentir a energia esfuziante, os instintos se mostrando, como tudo é lúdico e exagerado.
Conversar com amigos, descobrir pontos em comum, sentir-se comungando com o outro, dividir planos, falar de medos, sentir-se são emocionalmente.
Ver o tempo cicatrizar feridas, aproximar semelhantes, afastar o que não é bom.
Estar perto de uma criança, deixá-la se expressar, ver o mundo através de seus olhos, tentar lembrar como era ter essa idade, essa ingenuidade, como foi experienciar pela primeira vez isso ou aquilo.
Assitir a um show musical, ir ao circo, ler um bom livro, experimentar um sabor novo. Receber flores.
Acreditar-se apaixonado, esperar uma ligação, um olhar, marcar um encontro.
Cozinhar e ficar bom, levar o filho para casa na alta do hospital, viajar, fotografar para relembrar. Dançar.
A lista parece não ter fim.
Talvez seja de nossa natureza o que é ruim marcar mais, para nossa própria proteção.
Mas, fazendo um esforço, dá para concluir que viver ainda é melhor do que não.


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

História

E era eu
E você
Nós dois
E a vida

Sua champanhe
Minhas borbulhas
Seus planos
Minha loucura

Sua estrutura
Minha surpresa
Sua ambição
Minha destreza

Sua espinha dorsal
Meu equilíbrio
Sua ausência
E o meu abrigo

E era para sempre
E era bonito
E era confortável
E era bendito

E um dia escorreu
Entre o vão dos dedos
E foi triste mas nunca
Um dos meus maiores medos

domingo, 20 de dezembro de 2015

Rotina

Porque cuidar é preciso
A gente acorda cedo
Finge que não tem medo
Enxuga a lágrima do outro

Porque discernir é preciso
A gente abre livro
Tenta manter o juízo
E chora escondido

Porque amar é preciso
A gente busca e se expõe
Se encanta e se aflora
A gente se enamora

Porque viver é preciso
A altura se alcança
Sobe-se em montanha-russa
(Mas com cinto de segurança)

Par

Mais do que o toque
Eu quero o alcance
Mergulhar nos olhos do ser
E vislumbrar sua alma

Atrelá-la a um cheiro
Uma música
Um momento
Uma frase
Um código secreto dos dois

Seja por um ano
Uma vida
Uma noite
Uma dança

Porque o tempo é um detalhe desprezível
Para quem vive em intensidade elevada
E nunca encosta os pés
Nos vales cheios do nada

sábado, 19 de dezembro de 2015

Sedução

Caia na minha rede
Peixe
Que eu te abraço
Te amasso
Não vai sobrar espinha
Sem se tocar

Deite na minha cama
Gato
Que eu te acaricio
E eu me vicio
No teu ronronar

Pouse no meu telhado
Falcão
Que eu te dou
Mil motivos
Para querer sempre
Voltar

Carta

Transformo a minha dor em palavras
E a mágoa em sentenças
E as entrego a você
Aprecie sua obra de arte
Alivio-me do que houve
Agora a escolha é sua
Ria se atingiu um objetivo
Arrependa-se se errou na mão
Segue o seu caminho se analfabeto
Por você não choro nunca mais

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Término

Desce!
Chegou o seu ponto
O fim do itinerário
Devolve o tíquete furado

Sentirei falta
Do sentimento
Não da companhia
(Nem precisava ter puxado
A cordinha com tanta força)

Remova a sua bagagem
Cuidado com a cabeça
Ela moveu-se no trajeto
Apeia!
Toma seu rumo!
Boa sorte!

Casinho

E eu fico assim
Um olho nos seus lábios suculentos
Outro na porta
Uma mão em você
Outra na maçaneta

Beijo-o de olhos abertos
As asas armadas para o vôo
Porque eu aprendi que se vive o momento
Mas no meu instinto não confio

Esotérica

A madame viu na bola de cristal
Moço novo a caminho
Achei que era um bom sinal
A baiana me jogou os búzios
Caíram meio vesguinhos
Me lembraram os seus olhos
O papagaio do realejo
Tirou um cartãozinho que dizia
"Sorte no amor" e eu sorri
A mulher embaralhou as cartas
Valete de ouros, certamente você
Um ótimo presságio
Disse "casamento a vista"
Mandei interromper a leitura
Definitivamente uma placa PARE!!

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Declaração

Eu te amo
Por todas as patas de cavalo
Que castigam o meu peito
Em corrida quando eu te dispo

E em toda a embriaguez
Que o teu perfume
Me causa

E todas as revoadas de passarinho
Que tocam a palma da minha mão
Atrás das tuas costelas

E pela pulsão de vida
Que bombeia em resposta
Ao meu toque

Em todo o calor que trocamos
Todas as palavras e riso
Em beijos e abraços

E em tudo que jorra na alegria do encontro
E em tudo que me inunda
No ápice do nosso gozo

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Diner

O que ela não contava nem para a própria sombra era que todas as manhãs, às 7:15 h, seu coração disparava ao ouvir o sininho da porta tocar, e, mesmo que estivesse de costas, sentia que era ele.
Que esperava com anseio ouvir sua voz, mas que, se estava com outro cliente, ignorava-o com um ar blasé, e deixava outra garçonete servi-lo. Não queria que ele a achasse uma mulher oferecida, ou pensasse que seu marido era corno. (O amor tinha acabado, mas ele era um homem bom, não mereceria isso).
Que adorava vê-lo nas fotos do jornal, e sempre se escondia no banheiro para gravá-las na memória. Gostaria de poder fazer um álbum delas.
Mas contava pra ele das crianças, da dureza da vida, dos planos para o futuro. Até a hora que chegavam mais clientes, e tinha que interromper a sessão de hipnose.
Às vezes, achava que era correspondida. Às vezes, que era tudo imaginado, por querer demais.
Também não contava a fantasia maluca que tinha com ele, um estranho: de que ele deixaria a esposa e ela o marido, e criariam juntos os cinco filhos que tinham, ao todo. E que ela seria uma boa mãe para os dele.
Ela se divorciou, porque achou que não havia sentido continuar aquela farsa. Duas semanas depois, ele foi assassinado numa briga de bar.

Rituais

Existem rituais
De chegada
De despedida
De passagem
Religiosos
De casamento
De morte
De batizado
De formatura
De cortejamento
E outros

Eu, de minha parte, jogo no lixo lingerie que comprei pensando em quem ainda não deveria estar usando cueca de gente grande.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Toque

Bem como a areia
É desenhada pelo vento
Pessoas desenham-se em mim

Em sorrisos e olhares
Ao dividir músicas, palavras e momentos
Em gestos de carinho e crueldade
Em boas e má intenções

Após a chuva eu me condenso
Fico menos vulnerável e mais estável
Mas vem o sol e me restaura verdadeira

Nessa imensidão de memória afetiva
Ampla demais para não ter eco
Definitiva demais para não ter consequência

Trégua

Se é da vontade de Deus
Que lágrimas molhem o solo
Pra que fique fértil
Pra que nasçam flores
Pra que haja orvalho
Pra que mantenham o viço
Eu peço encarecidamente
Que elas passem a ser de alegria
Porque estou cansada
De ser ferida pelas pessoas

sábado, 12 de dezembro de 2015

Aden

Às vezes adentra
Seu mundo íntimo
De amor
Histórias vividas
E sangradas feridas
Colonizadas
Por bactérias de dor

Às vezes volta à tona
Para respirar

Em outras percorre
O mundo inexplorado
Das vidas imaginadas
Por outros e outras
E exercita empatia
Recita noite
Recita dia
Coloca do avesso
O ódio e o apreço

E chora e beija a lona
Para retornar

Outras vezes
Encara o real
O complexo
E o frugal
Por ser mãe
Finca raiz
É professora
E aprendiz

Às vezes teme
Acabar por se afogar

Esta Noite

Hoje
A a noite acaba bem
Hoje
A espera tem fim

Hoje
Seremos eu e você
E você
Se vendo em mim

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Contida

Porque sou circunscrita
Em minha própria fronteira
No meu limite
Na minha cegueira

Porque me contenho
Na minha tradução
Minhas demarcações
Minha estiagem

Dentro da pele grossa
De elefante
E os poros fechados
Que não respiram

O celofane irrasgável
A silhueta intransponível
Os pulmões colabados
A atitude defensiva

Libertam-me a imaginação
A música e a poesia

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Xeque Mate

E a vida
Arremata
Dá o último nozinho
Para não ser desfeito
O chuleado caprichado

O anestesista suspira
O cirurgião arranca as luvas
Joga longe, as mãos suadas
O calor e o suor frio na testa

Não há mais cuidado
Em manter estéril
O campo cirúrgico
Vermelho e verde

E quem disse
Que alguma coisa
Tem que fazer sentido?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Paciência

Diz onde você quer
Que eu beijo
Diz aonde você vai
Eu sigo
E quando elas o tocarem
Olho pro outro lado
E quando você olhar pro meu
Estarei esperando

Senta do meu lado
E me abraça
Que eu deixo
Manda foto de tristinho
Eu gamo
Me convence a não desistir
Que eu topo
Me faz passar vergonha
Eu rio

Onde vai dar tudo isso
Nem ideia
Amanhã ou depois, talvez
Nem sombra
Mas o hoje é doce e quente
Certamente
Aninhada nos seus braços
Eu gozo

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Prateleiras

Organizo
As fotos
Os fatos
As ideias
Os finais

Arrumo
As facas
As foices
Os "foi-se"s
Os bisturis

Guardo
Os cometas
Os condimentos
Os satélites
Eu reciclo

Pro lixo
O periférico
O deletério
E as sopas instantâneas
Com prazo de validade vencido

Velório

A gente olha para o céu
Esperando que o azul
Substitua o preto
E o infinito o fim absoluto
Mas não combina

Como não combina o silêncio dele
Em resposta aos sons de soluços
E o caminho das lágrimas

Os abraços dos impotentes confortam
(Além de tudo têm pena de si mesmos
Por saber que um dia serão eles os chorados)

Não tenho alergia a flores
Mas teve uma hora que eu não conseguia respirar
E o meu amigo não estava lá

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Violonista

Ele me virou lentamente de costas para ele
E me beijou embaixo do coque
Com o braço direito, enlaçou a minha cintura
E o senti, vivo, atrás de mim

Esticou o meu braço esquerdo e o manteve no ar
Envolveu o meu pulso com a mão, os dedos nos tendões
Abaixou a mão direita rapidamente
E me tocou sem dó

Desolação

O vento uiva
E não me ajuda em nada
Embaraça meus cabelos finos
Mas não varre para longe
Os pensamentos pesados
As nuvens escuras e trovões

O vento revolta
O mar que habita o meu peito
Traz à superfície areia
Águas vivas e tubarões
Mas os tesouros de pérolas
Há muito migraram e derreteram
No centro de lava da minha Terra

O vento me balança
Para frente e para trás
Mas a minha mente
Só conhece o espelho retrovisor
E a cada camada de calor que ele leva
Outra febre se apodera
Da minha pele

Míope

Tratos são tratos
E a gente escolhe
O jeito de tratar

Fatos são fatos
E a gente escolhe
O jeito de julgar

O coração às vezes
Quer olhar de longe
Que saia bem na foto

A razão vem
Troca o grau
Conserta o óculos

domingo, 6 de dezembro de 2015

Menininha

Bem-vinda
Respira fundo
Agora começa
Para você o mundo

Não fará muito sentido
No começo
Mas pensando bem
Nem no meio e nem no fim
Mas será bom

Você vai descobrir
Os prazeres
Os quereres
Os sons, luzes e cores
E se deslumbrará

Vai se ver amada
E rejeitada
Mas deixemos
O ruim pra lá

Bem-vinda, querida
Entregue-se à mamãe
Confia nela
Não há melhor

Conta comigo
(Sua titia)
E a vovó
E o irmão
E o papai babão

Em alguns anos
Escrevo outro poema
Com sugestões

Só uma não mudará
Porque é também
Um desejo:
Menininha, seja feliz!!!


Para a Grace, filha da Beatriz Fonrobert Osta

Existência

Você se infiltrou
Na minha mente
No meu dia
Minhas noites
Você dominou

Na cumplicidade
No carinho
Na confiança
Na amizade
Você conquistou

Seus tentáculos
Amorosos
A me apoiar
Nas dificuldades
Seu sorriso amigo
"Deixa comigo!"

Hoje a minha vida
É mais plena
Mais alegre
Mais serena
Fica pra sempre
Meu amor

Domingo

Mais um dia
Para celebrar
Estar viva

Ser mulher
Ser mãe
Ser namorada
Ser diva

Mais um dia
Para escrever
Viver
Querer

Esquecer
O que causa
Mas não merece
Ser ferida

Mais um dia
De alegria
E de tristeza
Mais um dia
De vida

sábado, 5 de dezembro de 2015

Início

Que lindo é ouvir uma história de amor...
No meio do meu sábado cinzento
Chuvoso, pacífico, preguiçoso
Me chegam palavras
Sobre desabrochar tímido de flor

E me invade o aroma virtual
A cor, a esperança, a infância
De um amor que engatinha
E promete vida a se desenrolar
Em fluxo suave de bênçãos

Leitor

Eu antes escrevia
Por hobbie
Distração
Passatempo
Alegria

Para mim
Ou outro(a) qualquer
Também à toa
Distraído(a)
Numa boa

Agora que sei
Que você me lê
Tudo mudou
Porque o muso
Enfim chegou

Minhas cenas
Serão mais quentes
Porque terão
Seus olhos
Sua barba
E seus dentes

(Agora escreverei para provocação).

Karma

Naquela noite
Nos reconhecemos
Piegas assim
Definitivo assim
Ai de mim

Sabíamos que a vida:
Nunca mais a mesma
Típico assim
Brega assim
Ai de mim

Não imaginamos
Porém
Que o destino
Tinha planos
Também
Ai de nós

Não há religião
Doutrina
Consolação
Que acalente
A minha alma:
Sem voz



Choro

Talvez um dia
Eu deixe de chorar
Em carrilhão
Em sucessão
Começando por cansaço
E terminando na surra
Que levei da minha mãe
Em 1983

Talvez um dia
Minha mente não emende
A paciente inocente
Da gravidade
Com a ofensa do irmão
A notícia ruim recebida
Com a doença do gato
De estimação

Talvez um dia
Eu admita
Que choro
A tua ausência
E que ela veio pra ficar
Quem sabe até
Um dia
Deixo de chorar

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Joia

Chega de pouco
Pouco interessado
Pouco interessante
Passei a peneira
Sobrou o de valor
Bruto, sim
Falso, jamais...

Sonhos

Planejei uma profissão
Que é mais linda
Do que eu esperava
Quis ter um grande amor
Foi melhor
Do que eu contava
Convidei a maternidade
É mais amor
Do que eu vislumbrava
A maioria dos meus prazeres
Eu tenho de olhos abertos

Barganha

Troco todos os galanteios
As palavras e os floreios
Por um beijo seu

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Amorzinho

Você
Está chegando assim
Devagarzinho pra mim
Fogo e estopim

Você
Traz um sorriso estampado
Música e bailado
Conquista tudo em mim

Você
Por quem escolhi esperar
Vem pra valer e ficar
Que já é hora de amar

Destoou

Eu não coube
No molde
No sapato
Que fabricou
Para mim

O espartilho
Era um número
Menor e
Asas amarradas
Cobram o seu preço

Nosso amor
Era condenado
Meu camarada
E era só
Uma questão
De tempo

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Longe

Me desato em suspiros de saudade e de querer da alma.
Me deságuo em desejos de abraços e sonhos de mulher.
Porque o sinto bom e belo e doce e distante.
Porque vivo a alegria de ser querida e a agonia de não pertencer à sua vida.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Chamado

Me encontra ali na esquina
Da vida
Façamos nosso prazer
Um ritual

Me acha ali no quarto
De cima
Vem me fazer bem
Me fazer mal

Me leva para o ponto
De ebulição
Do amor quente
Da loucura informal

Me entrega para o sono
Da paz do corpo
Do repouso da alma
Da exaustão total

Esperando

Vou chamar você
Pra me ver
Quando a chuva passar

Vou pedir pra você
Vir descalço
Porque eu também
Vou estar

Pularemos
As poças todas
Pra comemorar

Fingirei
Perder o equilíbrio
Pra você me abraçar

E oferecerei
A minha boca
Pra você experimentar