sexta-feira, 31 de julho de 2015

Cume

A essa altura
Você já devia ter
Tecido planos
Para nós
E agido de acordo

A essa altura
A vista é linda
O sol é quente
Mas a queda
É fatal

A essa altura
O pé no lugar errado
A mão que falseia
O equipamento que falha
Detona a avalanche

A essa altura
O cérebro não funciona
Porque o oxigênio
Já rareou demais
Embriagou

A essa altura
Você percebe que
Deveria ter descido
No ponto
Que eu mandei

Carta ao Primogênito

Eu queria que ainda fosse simples
Colocar o peito para fora e amamentar
Colocá-lo de pezinho para arrotar
Trocar fralda e o ninar

Eu queria que o amor fosse divisível
Que as pessoas o olhassem
Com só uma fração do meu
Já bastaria para lhe darem sossego
Já bastaria para acalmar nosso coração

Eu queria que houvesse uma fórmula
De transferência de aprendizado
De abrir ouvidos ainda imaturos
Para o que serve e rearranja
Os sentimentos bagunçados pelos hormônios

Eu queria evitar o inevitável
As dores de crescimento pelas quais passa
A carga que é ser inteligente
Perfeccionista e sensível demais

Só me resta lidar com a tempestade
Da maneira mais calma que eu conseguir
Amar você sem limites é espontâneo
Segura a minha mão quando tiver vontade
Prometo que não é prá sempre
Um dia o sol volta a brilhar

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Femme

Menina
Mimada
Maldita
Faça de mim
Tua morada
Mexa
Molde
Magnifique
Porque estive
Aos teus pés
Desde o primeiro dia

Princesa
Puta
Principiante
Penetre nos meus sonhos
E os torne pesadelos
Parta sem pudor
Pense que podes tudo
Porque quero mais é morrer
Torturado na tua
Penitenciária

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Embriaguez

Ele tinha o passado mais negro
Que os bombons de chocolate amargo
Que me mandava às dúzias
E os beijos gosto de licor de laranja
Mais doces e alcoólicos do mundo
Cítrico

Me olhava como um predador
Me cercava como a uma novilha
Mas era cavalheiro e delicado
E me acusava de estragar tudo
"Frígida"

Me ensinava, guiava. corrigia
Resolvia quando eu mais não podia
Me punia por não bajulá-lo
Parava de responder às mensagens
Patético

Aventurava-se em outros olhares
Afastava-se mas não deletava
Tentava me resolver
Como a um cubo mágico
Irritava-se mas não desistia
Cínico

Nunca se libertou
Nunca tentou de verdade
Nunca negou a sintonia
Sempre voltou carinhoso
Para nossa maior alegria
Tântrico

Consequências

E já que ela era feliz
Perdeu o direito de reclamar
Já que era flexível
O de escolher
Já que era prática
Os problemas
Ficavam por sua conta
Já que era mulher
As crianças também
Já que ela era responsável
Pagava as contas
Já que era saudável
Carregava o mundo
Em suas costas
Já que ele era um estorvo
Foi convidado a se retirar

terça-feira, 28 de julho de 2015

To Be

Enquanto fomos
Éramos
O casal
Extra...
...ordinário

Quando deixamos
De ser
Passamos
A eu e você

Percebi
Amarga
Que caí
No conto
Do vigário

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Autoajuda

Às vezes
A gente se dá
Um carinho
Um afeto
Um perdão

Às vezes
A gente se dá
Uma bronca
Um alerta
Um "presta atenção"

Às vezes
A gente se dá
Um presente
Um agrado
Uma gratificação

Às vezes
A gente se dá
A quem não merece
Mas logo esquece
Quem prá gente
Já nada diz

Porque no fundo
No fundo
Tudo o que a gente
Quer se dar
É a chance de ser feliz

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Equilíbrio

Me encanta
A falta de pressa
A paciência do plantio
Do cuidado e da espera
Até a hora certa de colher

Me encanta quem vive
A expectativa serena
De quem sabe lidar
Com possíveis decepções

Me encanta quem conserta
Antes de descartar
Quem dá chances
Ao que vale a pena
E não se desespera
Nem lamenta decisões
Bem tomadas nas situações
Conforme se apresentaram

Me encanta quem pára
E pensa antes de agir
Não se entrega aos ímpetos
E nem por isso
Deixa de sentir

E mesmo sabendo
Que a morte espreita
E leva sem aviso
Lembra que todo sofrimento
Desnecessário e previsível
Deve ser evitado
Que a consequência às vezes
É mais intensamente negativa
Do que o prazer do momento

Me encanta quem sabe discenir
"Isso é prá mim, isso não é"
Muito antes de quebrar a cara
E nem por isso deixa de viver
E ser feliz

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Irmãos

Fomos cinco
Mas só um
Foi irmão

Porque um foi pai
Os outros dois
Foram filhos

Éramos cinco
Como os dedos
Das mãos

E ele não poderia
Ser mais diferente
De mim

No desapego
Ao conforto
Na calmaria
Do coração

Não o perco de vista
Nem ele a mim
Meu carinho
Meu surfista
(Henrique Franco)

Projeto

Eu quero
O que acrescenta
O que brilha
O que me faz luzir

O que torna
A vida mais leve
E a poesia
Mais romântica

O que surpreende
Me faz querer
Ficar acordada
Para ser feliz
Mais um pouquinho
De tempo

Eu quero
Quem me faz sorrir
Me faz rir até
Dar cãimbra na barriga
E me faz esperar
Com alegria
A próxima vez

A lista do que eu não quero
É muito mais longa
E a do que tenho a oferecer
É três vezes maior

terça-feira, 21 de julho de 2015

Poeminha

Te espero no mesmo banco
Coração em solavanco
Passa tudo
Passa o tempo
Só não passa
O sentimento
Vejo as flores
O sol me esquenta
A esperança
Me alimenta
Muitos versos vou criar
(Não têm fim)
Esperando você chegar
Prá sorrir só prá mim

Cena

Ele sentado numa margem do rio
Ela de pé na margem oposta
À esquerda a ruína da ponte
Que ele mandou construir
E nunca conseguiu atravessar
À direita o lugar do naufrágio
Do barquinho que ela pagou para buscá-lo

Chove
Molham-se
E não se importam
É bom
Prá disfarçar as lágrimas

Ela culpa a esperança que morreu
E não levou o querer junto

E eu não sei como terminar esse poema
Porque é muito forte
E nenhum dos dois consegue imaginar um fim

sábado, 18 de julho de 2015

Animais

O amor deles
Era pulsátil
E lunático

Porque o cio dela
Era imprevisível
E a patada era certa
Se a glicemia
Estava baixa

Ela não sabia
Se valia a pena
Ele só sabia
O quanto a queria

Ele fingia
Não ouvir o rosnado
Ela respeitava
Os silêncios dele

Mas a aliança
Era sólida
Num ganha-ganha
Infinito de prazer

Os lencóis
Testemunhavam tudo
O que não conseguiam dizer
(Nem admitir prá si mesmos)



Meu Blog

Escrever é o meu estouro da pipoca. Catarse. Explosão atômica. Por mais suave e infantil que seja o resultado final.
Março deste ano foi um dos piores meses da minha vida inteira. A minha mãe abriu o meu blog e me perguntou: "Você percebeu que escreveu 110 postagens neste mês?" O meu mundo chacoalhou em quase todos os aspectos, normalmente tão bem cuidados, desestabilizou! Rendeu muitas e muitas palavras.
Eu escrevo quando estou sob forte emoção, seja de alegria, sentimento, ansiedade, medo, cansaço, esperança, o que for. Às vezes de pura imaginação, mesmo, sobre o que outra pessoa pode estar vivendo.
É um outlet muito bom, recomendo a todos, mesmo que achem que não sabem fazer. Uma maneira de colocar para fora, pintar uma tela e se afastar dela, para melhor reavaliação do todo.
E a poeira assenta. Respiro mais calma, pronta para arregaçar as mangas e fazer o que tem que ser feito.
Se em tudo isso, eu entretiver alguém, fico feliz. Porque, desta maneira, não me beneficio sozinha. Se falando de mim, acabo representando alguém, que se identifica e sente alívio em não ser a única a passar/sentir isso, ótimo!
Mas se um dia tudo o que eu escrevo dor deletado, ou ninguém mais ler, por um motivo ou outro, a bênção que me foi poder escrever e administrar a mim mesma de uma maneira saudável e sem prejudicar a ninguém (nem a mim) já valeu todas as horas (devem ser, a esta altura) que passei por aqui.

Percurso

Quão errado é fugir do amor
Ter medo de errar
Não se arriscar
Calcular demais
Besear-se em suposições
Fugir da raia
Não experimentar

Quão pecado é
Não se declarar
Negar o óbvio
Que os olhos falam
Que a alma grita
Que a sede exige
Se autoboicotar

Tudo tem um preço
Mas quem não paga
Nada tem
Nada passa
Nada permanece

Não se agrida
Não se meta
Com o que é obviamente
Contra a sua natureza
Conheça-se bem

De resto...
Engate a primeira
Depois a segunda
E quantas marchas mais
A velocidade da viagem exigir
Cruzar a linha de chegada feliz
É a menor parte do prazer de viver


Wilma

Às vezes
Custa administrar
O pós vendaval

O vento bateu de um lado
Depois passou o olho
O vento voltou
Na direção contrária
Com a mesma fúria

Restou essa montanha
De entulho
Nao reciclável
De palmeiras caídas
Piscinas de lama
E cadáveres
De passarinhos

De fraturas
Não consolidadas
Lotadas de
Placa de platina
E pinos

E a posição
Desconfortável
De se sentir
Emocionalmente engessada
Para sempre

Viuvez

Na alma as asas de pássaro
Abrem-se em vão
No ouvido a voz do amado
Chama-a do além

A lágrima cai devagar
E silenciosa
O sentimento de dúvida
A assola

Se ao menos
Ela tivesse a certeza absoluta
Da existência dele
E não apenas da saudade

Que a beija
Todas as manhãs
E a embala no sono
Nas noites frias
E intermináveis

No tornozelo
A bola de ferro
Um, dois, três quilos
"Termina o que começamos"
Manda ele muito ajuizado
E autoritário

"É fácil prá você"
Responde ela com raiva
"Porque a dor
É toda minha
Porque o sonho
Foi todo meu
Porque a paz
Já chegou prá você
E está por isso
Tão longe de mim"

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mais um Poema Romântico

Tanto tempo
Nos separa
Daquele tempo
Que não foi nosso

Tanto chão
Tanta saudade
Tanta curiosidade
Sobre o que
Não aconteceu

Há meses
Não o vejo de perto
Há vezes em que
Nem consigo lembrar direito

Mas nada muda...
O coração quer
O que o coração quer
(Ainda imagino
Você tomando banho)

Gente

O homem é um ser social. Quão feliz sou eu, por isso!
Eu entendo que as pessoas têm muitas camadas e às vezes a gente não chega a conhecer a maioria delas. Às vezes nem elas mesmas, sejamos realistas e deixemos a pretensão de lado.
Algumas pessoas são ótimas na hora da festa, divertidas, alegres, mas na hora da tristeza, saem de fininho, por um motivo ou outro. Em alguns casos, por vergonha, ou medo de sofrer demais em compartilhar. Algumas, ao contrário, a ouvirão lamentar, chorarão com você, terão raiva dos seus inimigos, mas não suportarão vê-lo feliz, por pura inveja, mesmo. Se afastam para não testemunhar a sua felicidade.
Tem quem use o que sabe de você para fazer fofoca e se aproximar de outras pessoas que têm curiosidade a seu respeito. Às quais, talvez, estimem mais. Elas te usam, te vendem, e tiram vantagem de você, sem perder o sono, à noite.
Eu entendo que certas pessoas têm disfunção grave de caráter e sentimento, que as tornam indesejáveis de se conviver.
Outras são psicopatas, mesmo, fingem muito bem, mentem muito, e é só uma questão de tempo para o sofrimento da descoberta da realidade dar um tapa no rosto da gente.
Mas, felizmente, tem gente que, por algum motivo consciente ou inconsciente, é um evento na nossa vida!
Conversar com esses seres, tê-los perto, é uma experiência tão prazerosa quanto ouvir uma música bela, sentir um perfume, assistir a um pôr-do-sol. A gente se sente em paz, ou ri, ou até chora, e não quer que termine nunca o encontro, a conversa, a interação até virtual. Parece que não há limite para a energia boa que é criada naquele momento.
Eu não sei o que nos leva a eleger certas pessoas como únicas, e principalmente a carregar essa opinião e sentimento por alguém ao longo de anos ou décadas. Talvez a gente escolha, e depois vá confirmando, observando-a, em tudo de bom que ela tem. Talvez ela vá nos presenteando com novidades, a flor da amizade vai desabrochando, e a gente administra o que não gosta, em nome do que gosta. Mas em muitos casos, dá muito certo.
Pode ser que surja interesse romântico de uma das partes, pode ser que nunca, pode acontecer de surgir, mas não coincidir que seja ao mesmo tempo dos dois, e a afinidade ficar só de alma. E às vezes, a gente evita ou nega a atração, em nome de manter a amizade descomplicada, ou para não magoar uma terceira (ou quarta) pessoa. Vale tudo, na minha opinião. Para que siga durando e sendo bom.
Acho que a palavra-chave é essa: conexão. Tenho a sorte de ter, com várias pessoas, de ambos os sexos, variadas idades e histórias de vida, com histórias que se entrelaçam com a minha nos mais variados formatos. Me enriquecem como ser humano, são alegria e alívio para o cansaço, conforto e colo, me animam e me dão a sensação de importância, na hora que consigo ajudá-las em algo.
Pessoas são presentes, e algumas são de valor inestimado. Agradeço a Deus todos os dias por elas.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Sonho

Minha lágrima de saudade
Orvalho cristalino trêmulo
Na folha a balançar
No fim da madrugada
Enquanto sonho
Com as suas mãos
Segurando o meu rosto
Você beijando a minha boca
E colhendo o que plantou

domingo, 12 de julho de 2015

Soldado

Meia volta
Volver
Vira-lata

Me virei
Para ser
O que convinha
Para você

E na hora
De virar
O que podia
E devia
Você me deu
As costas

Pois bem
Virei a mesa
Agora se vira
Prá tentar
Me esquecer

sábado, 11 de julho de 2015

Estorinha

Cidadezinha do interior
Tudo girava em torno
Da estação ferroviária
E ela se perguntava
Se o mundo era
Só aquilo

A mãe lhe ensinava
Sobre a menina
De família
Se guardar
Prá casar
E ela olhava
A mãe corna infeliz
As tias carolas
Amarguradas
E se perguntava
Se era aquilo
Que queria ser

Às terças
Se confessava
"Um dedo lá
Outro na boca"
"Na boca?"
"Sim, e na
Frente do espelho"
"Do espelho?"
O padre babava
Suspendia as
Próximas confissões
E ela se perguntava
Se um pecador
Podia redimir
O outro

Aos dezoito
Esperou o filho
Do prefeito
Na estação
E deixou o trem dele
Entrar onde quisesse
Mudou prá
Cidade grande
Por mais pecados
Menos tédio
E mais paz

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Mais uma de amor

Porque te amei
Sem conta
E sem fim

Porque entraste
Na minha vida
Na hora
Mais imprópria

Porque triei
Para ti (só prá ti)
As coisas das quais
Mais gostavas

Porque foste o aborto
Do sentimento mais forte
Que já tive

Porque acabaste
Antes mesmo
De começar

Porque deverias
Ter estado comigo
Até me decepcionar
Me libertar

Essa saudade
Infinita
Assola
Chacoalha
Tortura

Porque muita coisa
Perdeu o sentido
Quando foste embora

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sina

Sofro da maldição
Do excesso de juízo
Daqueles pobres seres
Que não se dão ao luxo
De enlouquecer

Que não jogam copos
Contra a parede
Não gritam
A todos pulmões
Nem arranham a cara
De quem merece

Não transam
Com o marido das outras
(Nem quando elas pedem)
Com pena dos filhinhos
Menores de idade

Não engravidaram
Na adolescência
Nem ao menos
Uma doença venérea

Que pensam demais
Em consequências
Em dores imaginárias
Em ressacas
E perigos de vícios

Trocam o rolo
Do papel higiênico
Carregam o guarda-chuva
Dirigem quando
Está todo mundo bêbado

Calculam doses
Calculam riscos
Decidem sabiamente
E têm paciência
Investem a longo prazo
Com a cabeça fria

Dos que não tomam
Remédio prá dormir
Com medo de ter que
Acudir alguém
Na calada da madrugada

Dos que não jogam
Por dinheiro
Daqueles com quem
Se pode contar
Na hora do desespero

Escrevo para manter
Esse equilíbrio
Funcionando
Porque sofro
Da maldição
De ter sido a mãe
Da minha própria mãe

Abandono

Ele ir embora
Foi o de menos
Nunca tinha estado
Muito presente mesmo

Entre trabaho
Pescarias
Sociedade
Mentiras
E desdém
Nunca nos sentimos
Existindo de verdade

O problema
Foi a destruição dela
Que na cena
Do comercial
Da margarina
Nos dizia
Para falarmos baixo
Para não acordá-lo
E aquilo para mim
Era amor verdadeiro

Ele ir embora
Foi o de menos
Lembro-me de uma
Única refeição juntos
Em nove anos de convivência
O problema foi
Ela deixar de ter
O dinheiro pro supermercado

E ela deixou de cuidar
(Não por opção)
De si mesma
Dos passarinhos
Dos que precisavam
Dos que queriam
Só a ela

E quem não sabia
Não devia
E não podia
Passou a carregar
Peso grande demais
Para os ombros franzinos

Ele ir embora
Foi o de menos
O problema foi
Que ele indo embora
Ela foi destruída
E cinco infâncias
Deixaram de existir

(Prometi prá mim mesma
Que eu seria bem diferente
De ambos)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Labirinto

Perco-me na tentativa e erro
No percurso dos teus rumos
Teus becos sem saída
Minha ruína

Esse sem-fim de compartimentos
Passagens, muros e divisões

As curvas e sulcos do teu cérebro
Que me espantam e desorientam

O coração já não me serve mais de bússola
Em meio à taquicardia e opressão retroesternal

Me encontras
Me apalpas
Me beijas
E sussurras ao meu ouvido
"Não desista de mim"

Caio ao chão mais uma vez
Sozinha
No colo o inútil novelo de linha

E refaço a promessa vã
De nunca mais sonhar contigo

Rejeição

Não quero o seu amor
Seu amor ao dinheiro
Ao status social
Ao prazer carnal

Não quero o seu amor
Sua atenção
Seu bullying
Sua sede
Suas declarações
Que me fazem tanto mal

Não quero o seu amor
Seu toque
Na minha alma
Sua massagem
Nos meus pés
Seu olhar
No meu pescoço

Pegue a sua autoestima
Esconda no dedal
E depois no bolso
E tome seu rumo
(Detesto gente que rasteja)

terça-feira, 7 de julho de 2015

Libertação

Escalo a montanha
Das suas mentiras
Para melhor enxergar
O horizonte
O meu futuro brilhante

Na subida
O seio esquerdo
Escapa do decote
Do vestido
O corpo esquenta
E me lembra
O anseio
Que já tenho
Por outro homem

Chego ao topo rindo
Da sua ingenuidade
E me sento para descansar
Apreciando a paisagem

Abro o peito
Prá sensação de liberdade
Na minha cabeça
Uns planos perfeitos

Nos meus ouvidos
Uma sinfonia amorosa
A voz dele me pedindo
Um beijo...

Sinto o vento
Em meu rosto
Abro os braços
Liberto meus pássaros

A voz, o grito, o desejo
A superação
O fim do amor mal vivido
E mal aproveitado

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Despedida

Você
Que me pediu tanta coisa
Tanta coisa me pediu
Quem te deu permissão
De ir embora
Sem me pedir?

Você
Que me deu tanta coisa
Sem pedir
Nada em troca
Onde está?
Onde está?
O pedido de desculpa
A meia volta
O novo olhar

Você
Que me escondeu tanta coisa
Tanta coisa
Sem saber
O que se passava em mim
Quando olhava você

Você que implorou
Por atenção
Quando me brilhou o olhar
Quem te disse
Que era hora de partir
E não mais voltar?




domingo, 5 de julho de 2015

Sol e Lua

Enquanto orbitou
Próximo ao sol
Recebeu e refletiu
Luz e calor

Bem consciente
E alerta
Esteve ele
Do lado escuro da outra

Até esperava
Que a inveja
Surgisse
E a lua decidisse
Afastar-se definitivamente
Para assumir
Ser toda escuridão

Só não esperava
O patético
Balde de água:
Tentativa pífia
De destruição

E o sol seguiu
Seu destino
De astro-rei
E a lua desejou
Deixar de existir


Ainda

Me agarro a essa saudade, como se fosse a única coisa que eu sentisse.
Como se fosse certo.
Como se fosse justo.
Como se fosse punição.
Lembro da última vez que estivemos juntos e imagino mil maneiras diferentes de terminar aquele encontro.
Como se fosse possível.
Como se fosse alcançável.
Como se fosse melhor.
Eu não teria dúvida.
As escolhas seriam outras.
Você não teria um segredo.
Aguardo pacientemente o término de nós dois.
Da mágica.
Do sonho.
Da tristeza.
E do amor.

sábado, 4 de julho de 2015

Conjunto

Bem-vindo
Meu amor
Te ofereço
Cor, colo
Aroma
Cuidado
Carinho
E atenção

Conversas
Alegres
Suporte
Bem querer
Acolhimento
E tesão

Peço em troca
Delicadeza
Discernimento
Prudência
Com palavra
E ação

(As pétalas
São frágeis
Mas os espinhos
Adoraram
Ver sangue
Jorrando...)

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Movimento

Meu coração
Copo transparente
(Água decantada
Límpida na superfície)

A doçura
Açúcar cristal
(Pedacinhos da
Sua lembrança)

Aguarda a mistura certa
O redemoinho inevitável
Do seu movimento
Circulando em mim

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Acontece

Às vezes o amor acaba
Muito antes de "Eu te amo"
Deixar de ser dito
Repetidamente

Muito antes
Da parceria
Ser desfeita
E dos planos
Serem interrompidos

Muito antes do cuidado
Deixar de existir
Muito antes de
Realmente se desistir

É a inércia
De quem não se vê sem o outro

E às vezes o ódio começa
Muito antes do amor acabar

Dúvida

Tivesse eu
Não visto os teus olhos
Não respirado o teu ar
Não atendido o teu chamado

Não sentido o teu calor
Não alisado os teus pelos
Não tateado tuas partes
Não bebido teu suor

Não lambido a tua língua
Não ouvido teus gemidos
Não te recebido
Em minha fenda e vida

Estarias hoje a me atormentar
Com tua presença fantasmagórica?
Ou terias sido apenas mais uma
Das minhas fantasias
Protegidas da decepção
Por não serem realizadas?

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Morte

O poeta a menciona
Como metáfora
Romanceia
Clama por ela

Às vezes como alívio
Às vezes como expurgo
Às vezes como desejo
Às vezes um "te exconjuro"

Mas a morte de verdade
Do corpo
Do coração
Do cérebro

Da qual meu amigo
Falou com medo
(Seria tudo nessa vida
Menos poeta)

É o mistério
Do qual se evita falar
O arder das dúvidas
Não sanadas
Pela nossa vã filosofia
Ou pelas religiões

É o roubo do futuro
É o abandono aos filhos
E netos que ainda nem existem
É o esfriar da carne
É o fim dos sentidos
Do calor, do alcance

É uma pedra fria
E orifícios com algodão
É a impotência
Estapeando a sua cara

São os olhos dele
Não se abrindo
Nunca mais
O pó voltando ao pó

Amado artista
Poetize a vida
Os sentimentos
A beleza
Os amores
E as paixões

Mas a morte
Ah, a morte...
Essa..
De poética
Não tem
Absolutamente
Nada!