segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Gravidade

Poetas conversam
Com a lua e nuvens
Pássaros e borboletas

Poetas desejam
Ser surdos aos gritos
Dos seus próprios pés
(Plantados no chão)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Pedido

Se for rápido
Que seja triunfal
Que deixe a memória
Do efêmero que vinga

Se durar um pouco mais
Que seja doce feito mel
Que marque o pensamento
Com o quanto valeu a pena

E se for para sempre
Que nada nos faça mal
Que o amor costure o momento
E a eternidade seja pequena
(em comparação)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Anjo Mau

Com você piso em solo estrangeiro
E a sua linguagem me é estranha
Exceto na hora de amar
Você julga bichos como humanos
Desconsidera a moralidade cristã
Mas parece estar sempre a pregar

E frente a isso e talvez por isso
Pessoa como você
Certamente nunca mais haverá

sábado, 22 de outubro de 2016

Dançarino

E não tem a ver contigo
Tem só a ver comigo
Com o que quero pra mim
Que encontro em ti

E se por um lado
Não gera garantias
Porque o poder que eu te dou
Pode ser tirado a qualquer hora

Será belo e celebrado
Concreto e palpável
Não importa o quanto dure
Um evento a ser lembrado
(Só isso eu prometo)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Boca

O batom certo na boca da gente
Ilumina
Enfeita
Amacia
Colore
Perfuma
Aumenta a auto-estima
(O beijo também)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

De A a Z

Eu adoro me encantar com a vida
E beijo só quando quero amar
Eu cuido de quem chega todo dia
E me dôo pra quem sabe esperar

Eu estendo a minha alegria
E fujo da declarada maldade
Eu gozo com e sem companhia
E honro a minha verdade

Eu ignoro o que não vale a pena
E jogo com quem sabe brincar
Eu luto para não ser pequena
E manter a pureza do olhar

Eu me nego a perder a esperança
E me oponho a só existir
Eu pago o preço pela dança
E quero o melhor que há de vir

Eu rezo, mas sem muita fé
E sei das minhas imperfeições
Eu as trato com paciência
E uno açúcar aos limões

Eu vejo como tudo é fugaz
E xingo quando encontro desperdício
Eu zelo por querer enquanto viva
Ser feliz é o meu maior vício

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Prêmio

Aos corajosos o mar
As conchas
A praia
A areia
As dádivas
Aos covardes
As lágrimas
(Quanto maior a aposta, maior o ganho)

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Auto Sabotagem

E o que será do amor
Quando chegar?
Por acaso encontrará
O seu olhar no passado
A sua mente sombria
A sua língua dormente?
A culpa na garganta
O aperto no peito
O chicote na mão?

Responda-me: o que será?
De quem bater na porta cerrada
Com mel nos lábios
E ternura nos olhos
Terá você já se punido o suficiente
Pra se sentir merecedor?
Responda-me:
O que será do amor?

Tempo ao Tempo

E a ideia de hoje é: espera
É o que a gente faz
Espera pra nascer
Espera crescer
Espera florescer
Não quebra o ovo quando quer pintinho
Não semeia a terra durante estiagem
Não arranca pássaro do ninho
Aguarda o ônibus se precisar
Aguarda na fila se isso ajudar
Aguarda alguém pra acompanhar
Então, se isso convém, espere
Por dias melhores
Por novas propostas
Pela declaração
Existem coisas boas
Que não pertencem ao hoje
Mas certamente chegarão

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Natureza

À jardineira foi dado o dom da intensidade
Cores, cheiros, toques: a vida
Mas chora a camélia que morreu
Não a consola ser muito mais bonita
Não se conforma com o belo não ser eterno
Vive então nessa eterna maldição
Os extremos a encantam, mas falta-lhe a aceitação

A Bruta Flor

E a ideia de hoje é: "queira!"
Você é do mar? Queira o ar.
Você é da roça? Queira a montanha.
Você só anda? Queira correr.
Queira se achar que tem chance.
Queira também se não achar.
Queira se souber dos detalhes.
Queira se descobrir for a melhor parte.
O homem criou o avião porque quis voar.
As crianças existem porque adultos querem se pegar.
Vocês lêem meus devaneios porque sinais de fumaça não bastaram
Nem batucadas
Nem cartas
Nem telegramas
Nem telefonemas.
Porque alguém quis mais.
Então queira.
Arriscando a se frustrar.
Queira e mexa-se
Arriscando a se cansar.
Queira o querer forte
Aquele que desafia a morte
Aquele que só sabe imperar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Medo

Medo de voltar a escrever
Sobre frio e falta de esperança
Sobre navalha na carne
E dúvidas e dívidas
Pagas dez vezes sem abatimento nenhum

Medo de voltar a pensar
Sobre abandono de criança
Sobre machadada em árvore
E sem fôlego e trôpego
Caminhar sem chegar a lugar algum

(Medo dos motivos)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Amante

Entrega pra namorada
O plano, a aliança, o engano
O amor de fachada

E me traz, condenado
As histórias, o riso
O corpo moreno
E o pouco juízo
(Seus melhores momentos ainda são ao meu lado)