domingo, 9 de abril de 2017

Anjo

Ele chegou e me encontrou sentada chorando na sarjeta
(Alguns anos mais tarde assim me descreveria)
A meia calça desfiada
O rímel borrado
O olhar perdido em tudo o que era pra ter acontecido e não seguiu o roteiro
Sorriu uma careta adorável com rugas dos olhos ao queixo
Um jeito brejeiro de quem vive pro momento
Esticou a mão direita num convite
E eu nem tinha mesmo pra onde ir: muito tempo já havia que perdera o mapa, o tesouro e sua letra "X" desbotada
Me levantou num tranco
E chovia muito
Pendurou a minha tristeza num galho da árvore mais próxima como​ se fosse um guarda-chuva roto
E me levou pra dançar
Justo eu, que nunca acreditei em resgates

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