Sou feliz quando me aceitam
Eita, povo de bom gosto
Sou feliz quando me rejeitam
Bando de tolos e cegos
Sou feliz na pobreza e na riqueza
A casa é grande
Eu sempre quis uma mansão
É pequena?
Mas olha só que acolhedora
Sou feliz na chuva
Na estiagem
No frio e no calor
Sou feliz na manhã
Na tarde, na noite
No amor e no rancor
Sou feliz pra contrariar a minha mãe
Que lamentou eu ter nascido mulher
(Ao contrário do que ela esperava
Eu já não aceitava rótulos desde aquela época)
segunda-feira, 29 de maio de 2017
domingo, 21 de maio de 2017
Onça
Retiradas as amígdalas
As dúvidas
Seis das sete vidas
Extirpados os tumores
As dores
Quase todas as saídas
Desfeita a cena da margarina
Sua sina
Logo mostrou-se diferente
Sobraram as presas
As garras
E o rumo: sempre em frente
As dúvidas
Seis das sete vidas
Extirpados os tumores
As dores
Quase todas as saídas
Desfeita a cena da margarina
Sua sina
Logo mostrou-se diferente
Sobraram as presas
As garras
E o rumo: sempre em frente
Para Amanda
A mando de quem
Você entrou na minha vida
Amanda
E com que permissão
Colocou-a
A plantar bananeira?
Quem disse que é justo
Sair dela assim
Amanda?
E consigo levar
O meu eu
Minha alma inteira
Você entrou na minha vida
Amanda
E com que permissão
Colocou-a
A plantar bananeira?
Quem disse que é justo
Sair dela assim
Amanda?
E consigo levar
O meu eu
Minha alma inteira
sábado, 20 de maio de 2017
Perguntas
Quem é que escolhe por quem o olho brilha?
Por que é que a gente se sente em paz na presença de alguém e não de outro?
E quando dizem "nos conhecemos há tanto tempo" e você tem certeza de que é muito menos?
Quem determina o tamanho do balde de água fria que apaga o interesse?
Como prever a saudade que vai bater? D'onde vem a desproporção ao que foi vivido?
Se não há cegueira, qual peso torna o pacote indesejável?
Desde quando amar é uma troca justa?
Por que é que a gente se sente em paz na presença de alguém e não de outro?
E quando dizem "nos conhecemos há tanto tempo" e você tem certeza de que é muito menos?
Quem determina o tamanho do balde de água fria que apaga o interesse?
Como prever a saudade que vai bater? D'onde vem a desproporção ao que foi vivido?
Se não há cegueira, qual peso torna o pacote indesejável?
Desde quando amar é uma troca justa?
domingo, 14 de maio de 2017
A. F.
Quando começaram a passar-lhe rasteiras
Aprendeu a se escorar na parede
E quando se sentiu desprezada
Arrancou lágrimas de quem a negligenciou
Foi jogada numa prisão
Forrou as paredes de poesia
Criou cobra que a picou
Chorou o veneno e sobreviveu
Hoje sabe a dor de cada cicatrização
E as poções que aceleram processos
Sorri sempre e guarda o rosnado pros tolos
Que ousam cruzar os limites
Quem vê o sorriso não sabe da missa
Quem reza seu credo é amado docemente
Dá-se aos poucos aos muitos que chegam
Esquece aos poucos os muitos que se vão
Aprendeu a se escorar na parede
E quando se sentiu desprezada
Arrancou lágrimas de quem a negligenciou
Foi jogada numa prisão
Forrou as paredes de poesia
Criou cobra que a picou
Chorou o veneno e sobreviveu
Hoje sabe a dor de cada cicatrização
E as poções que aceleram processos
Sorri sempre e guarda o rosnado pros tolos
Que ousam cruzar os limites
Quem vê o sorriso não sabe da missa
Quem reza seu credo é amado docemente
Dá-se aos poucos aos muitos que chegam
Esquece aos poucos os muitos que se vão
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Elogio
Um brinde à sinceridade e coragem de quem se retira na hora certa. Ou mesmo quando passou um pouco dela.
Que não tortura o outro com a presença do seu corpo na cama, querendo estar longe dali.
Que assume as perdas materiais que se seguem à essência ter se perdido com o tempo.
Que aceita viver a infelicidade passageira, mas não a mentira perene que a sociedade pede.
Que entende que a aparente derrota não tira o brilho de uma partida bem jogada.
E que viver plenamente implica em decisões por vezes amargas e recomeços não planejados. E, no fim, tudo fica bem.
Que não tortura o outro com a presença do seu corpo na cama, querendo estar longe dali.
Que assume as perdas materiais que se seguem à essência ter se perdido com o tempo.
Que aceita viver a infelicidade passageira, mas não a mentira perene que a sociedade pede.
Que entende que a aparente derrota não tira o brilho de uma partida bem jogada.
E que viver plenamente implica em decisões por vezes amargas e recomeços não planejados. E, no fim, tudo fica bem.
domingo, 7 de maio de 2017
Orientação
Carrega a sua alma
Como quem embala um bebê de ossos frágeis
Odor variável e choro agudo:
Vaia de quem exige, mas dá tudo em troca
Cuida do seu corpo
Como quem embalsama uma múmia de valor inestimável
Que mesmo morta pode levar a mil chibatadas em punição
Prende os seus fantasmas
Num calabouço arejado
Leva prato, comida, uma palavra
Para que não morram
Porque não são de exposição
Mas parte de você os carrega para sempre
Abraça seus amigos
Amores, flores, bichos e família
Mas não se esqueça de que a vida é vivida em solidão
E você mesmo é a única parte que lhe cabe
Como quem embala um bebê de ossos frágeis
Odor variável e choro agudo:
Vaia de quem exige, mas dá tudo em troca
Cuida do seu corpo
Como quem embalsama uma múmia de valor inestimável
Que mesmo morta pode levar a mil chibatadas em punição
Prende os seus fantasmas
Num calabouço arejado
Leva prato, comida, uma palavra
Para que não morram
Porque não são de exposição
Mas parte de você os carrega para sempre
Abraça seus amigos
Amores, flores, bichos e família
Mas não se esqueça de que a vida é vivida em solidão
E você mesmo é a única parte que lhe cabe
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Multi
Seus planos
E íngremes
Camadas e dimensões
Suas sombras
E sóis
Tortuosidades e direções
Mostre-me o que achar que é da minha conta
Eu amarei o que eu puder
E íngremes
Camadas e dimensões
Suas sombras
E sóis
Tortuosidades e direções
Mostre-me o que achar que é da minha conta
Eu amarei o que eu puder
quinta-feira, 4 de maio de 2017
Cais
Um dia eu serei pó.
Meu nome não será dito nem com mel e nem com fel.
A minha alma atracará num cais de paz. E os meus átomos, desunidos, se entregarão ao Universo.
Mas, até lá, eu viverei.
Acerto, erro, ferro, hemoglobina, língua ferina.
Amor, calor, rubor e dor.
Até lá, eu existirei. E muito!
Meu nome não será dito nem com mel e nem com fel.
A minha alma atracará num cais de paz. E os meus átomos, desunidos, se entregarão ao Universo.
Mas, até lá, eu viverei.
Acerto, erro, ferro, hemoglobina, língua ferina.
Amor, calor, rubor e dor.
Até lá, eu existirei. E muito!
Assinar:
Postagens (Atom)